O governo Lula prevê a liberação total do compulsório da poupança em 10 anos no novo modelo de crédito habitacional que será anunciado na próxima sexta-feira (10), em São Paulo.
A medida, segundo fontes ouvidas pelo jornal Folha de S.Paulo, vai liberar imediatamente 5% dos recursos da poupança – hoje retidos em depósitos compulsórios no Banco Central (BC) -, injetando pelo menos R$ 20 bilhões no sistema de financiamento imobiliário.
Na divulgação do evento, o governo informou que “a reforma moderniza as regras de direcionamento do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), com o objetivo de tornar o uso da poupança mais eficiente e ampliar a oferta de crédito imobiliário.” Segundo o governo, a mudança oferece maior flexibilidade no uso dos recursos do SBPE, fonte de captação mais barata para as instituições financeiras.
Atualmente, 20% da poupança permanece no BC como compulsório. Mas, com as mudanças a serem anunciadas, a partir de janeiro de 2027, esse percentual cairá 1,5 ponto ao ano, zerando completamente em uma década.
A nova norma, discutida entre Executivo e BC, é uma resposta do governo após pressão do mercado imobiliário aos sinais de esgotamento da caderneta de poupança como principal fonte de crédito voltado à habitação no país.
O novo modelo elimina a obrigatoriedade atual de direcionar pelo menos 65% dos recursos da poupança para financiamento imobiliário, permitindo que os bancos usem esses recursos em outras aplicações com maior rendimento, desde que concedam financiamentos habitacionais em valor correspondente.
O valor máximo dos imóveis financiados pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH) – que permite uso do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) – subirá de R$ 1,5 milhão para cerca de R$ 2 milhões. Este teto permaneceu inalterado desde 2018.
Pelo menos 80% desses recursos liberados irão para o SFH, com taxa máxima de 12% ao ano. Os outros 20% seguem para o Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI), com taxas de mercado.
Uma das demandas do setor da construção civil era um um período de testes até dezembro de 2026, o que foi atendido pelo governo. O mercado teme possíveis efeitos negativos da mudança e acredita que a implementação feita de forma gradual deve diminuir impactos.
Por outro lado, a adesão inicial dos bancos ainda é incerta devido ao teto de juros do SFH.
O evento que vai anunciar o novo modelo de crédito imobiliário contará com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que será acompanhado do vice-presidente Geraldo Alckmin, dos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Jader Filho (Cidades), além do presidente do BC, Gabriel Galípolo, e do presidente da Caixa, Carlos Vieira.
Junto com a divulgação do novo plano, havia a expectativa de lançamento de uma linha de crédito para reformas. Mas o governo decidiu postergar, porque haveria necessidade de ajustes no sistema que vai operacionalizar esses financiamentos.
*Com informações de Folha de S.Paulo
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